Mas não é tudo vídeo?

Uma das etapas de um planejamento de presença de marca nas Redes Sociais é selecionar bem as plataformas que condizem com o conteúdo a ser criado, e com o público a ser atingido. É impossível definir em quais redes estar presente se você não souber quais são as peculiaridades de cada uma delas. A confusão tende a aumentar quando parte das plataformas possuem um propósito semelhante, e exigem uma análise mais profunda para compreender as diferenças. Um bom exemplo disso é encontrado quando analisamos YouTube e Instagram TV (IGTV). A grosso modo, ambas são plataformas de vídeo, então faz total sentido que você compartilhe todos os seus conteúdos em vídeo nas duas plataformas, correto? Não, não está correto. Neste artigo vamos explicar as principais diferenças, e como você pode usufruir ao máximo cada rede social.

Devo publicar na horizontal ou vertical?

Uma das principais diferenças na produção de conteúdo para YouTube e IGTV é o formato do vídeo. No YouTube, conteúdos na horizontal são mais bem aceitos. Já no IGTV, muito pelo fato do público já estar acostumado ao formato de Stories, e por ser consumido em sua grande maioria por dispositivos mobile, a recomendação é criar conteúdos na vertical.

Vale reforçar que tanto o YouTube quanto o IGTV aceitam vídeos tanto verticais quanto horizontais, mas isso não significa que você deve ignorar o hábito de consumo de conteúdo do público em cada uma das redes. Ainda que mais de 70% do público no YouTube consuma conteúdo via Smartphones, boa parte da audiência assiste também via SmartTV e Desktop, o que favorece o conteúdo na horizontal, no caso do YouTube.

E quando eu for analisar os dados dos meus vídeos?

O Instagram fornece um número relativamente pequeno e pouco customizável de informações sobre os conteúdos publicados na plataforma. Não é muito diferente quando se trata do subproduto IGTV, onde você encontra dados básicos de engajamento e a média percentual do vídeo que foi assistida pelo público, sem a possibilidade de customizar o período de coleta.

São informações essenciais, que podem e devem guiar suas análises, porém quando falamos de YouTube, as informações disponibilizadas diretamente na plataforma são mais completas, com possibilidade de segmentação de coleta por datas específicas, análise do Canal e de vídeos de forma separada, insights sobre o público e etc.

Estamos falando exclusivamente dos dados oferecidos de maneira nativa pelas plataformas, e não de fornecedores parceiros que comercializam soluções de dados. Mas, ainda que considerássemos estes fornecedores, o YouTube ainda ganharia neste critério, pois está no ar desde 2005, é natural que mais parceiros tenham suas plataformas conectadas aos dados do YouTube do que do IGTV.

Onde tenho maior alcance potencial?

Bom, em uma análise bem superficial sobre tamanho da base, o YouTube também leva alguma vantagem. Enquanto o Instagram conta com 1 bilhão de usuários ativos todos os meses, já o YouTube possui o dobro. Mas tudo bem, não é como se 1 bilhão de pessoas não fosse o suficiente para chamar a atenção da sua marca, certo? Porém, a vantagem do YouTube fica mais clara quando identificamos que até fevereiro de 2019 apenas 17,8% dos usuários do Instagram consumiam conteúdos criados no IGTV. Este número tende a aumentar com os esforços do Instagram, que tem garantindo um bom alcance orgânico para quem inclui IGTV na estratégia de comunicação, mas ainda deixa o IGTV abaixo do YouTube neste critério.

Outro critério importante que favorece o YouTube é o fato de que o seu buscador interno já é o segundo mais utilizado para encontrar novos conteúdos na internet, perdendo apenas para o Google. E adivinhe, os vídeos publicados na plataforma servem, cada vez mais, como resultados de busca no Google e outros buscadores. Ou seja, se o seu conteúdo é informativo e responde dúvidas dos seus consumidores, o YouTube ganha de lavada.

Existe diferença de público?

Sem dúvida. 71,2% do público do Instagram tem entre 13 e 34 anos. Estamos falando das gerações Y e Z, já acostumadas com acesso a internet via mobile. Já o YouTube tem um público menos demarcado, podendo navegar entre todas as gerações com mais facilidade. Boa parte do motivo que faz o YouTube ter essa característica está no fato de que o conteúdo publicado por lá é encontrável via Google, e todos sabem que por mais que existam diferenças demográficas na base do Google, a hábito de fazer buscas na internet já ultrapassou o limite geracional há tempos, e tende a alcançar patamares ainda maiores com a penetração de buscas por voz e assistentes virtuais. Já para descobrir conteúdos no IGTV é preciso estar na plataforma, o que já é por si só um motivo da diferença de público entre as redes.

Se os públicos são diferentes, os conteúdos também devem ser, correto?

Mais do que isso, não apenas a diferença entre os públicos de cada uma das redes, temos que levar em consideração o que fez o Instagram se consolidar e crescer sua base nos últimos anos. Estamos falando de Stories na vertical, um forte apelo visual, compartilhamento de momentos (conteúdo datado) e a ausência de grandes produções, o famoso “simples proposital”. De modo geral, quem acessa o Instagram está acostumado com este cenário, é preciso compreender isso ao pensar na estratégia para IGTV. Os vídeos de IGTV podem ser mais longos do que os postados no Stories, claro, mas não tão longos quanto os que são postados no YouTube, e o motivo é simples: a retenção é menor. Para trocar de vídeo no IGTV basta rolar para o lado, é ingênuo pensar que um vídeo de 15 minutos irá reter a maior parte dos usuários que estão habituados a Stories de 15 segundos na plataforma.

Com raras exceções, normalmente memes, um vídeo com menos de 1 minuto não tem muito apelo no YouTube. Na plataforma é possível encontrar documentários completos, palestras, séries e filmes oferecidos aos assinantes, etc.

Quais são as marcas que possuem uma boa presença no IGTV? E como elas diferenciam o conteúdo de IGTV e YouTube?

Talvez essa seja a melhor forma de ilustrar tudo o que foi dito anteriormente.

BBC News – IGTV:

Vídeos entre 1 e 5 minutos de duração; Resume, com forte apelo visual, as notícias e pesquisas mais relevantes. Conteúdos exclusivos para IGTV, legendado e na vertical.

BBC News – YouTube

Apesar de também ter vídeos mais curtos, foca seu conteúdo em vídeos de maior duração, detalhando mais os acontecimentos que comunica (lembre-se da retensão do público, que é mais favorecida no Instagram). Os vídeos estão sempre na horizontal, respeitando o hábito de consumo da base da plataforma.

Netflix – IGTV

IGTV - Netflix

A Netflix utiliza o IGTV como extensão das séries e filmes disponíveis, apresentando os bastidores, curiosidades e entrevistas exclusivas.

Netflix – YouTube

Trailers figuram entre os principais conteúdos do canal no YouTube da Netflix, além de entrevistas mais longas e retrospectivas de séries.

Tá, e aí?

Bom, cremos que depois dessa explicação tenha ficado mais perceptível a diferença entre IGTV e YouTube. A boa notícia é que você não precisa escolher entre uma ou outra, as duas podem caminhar juntas na estratégia de comunicação da sua marca. O IGTV irá te ajudar a aumentar o engajamento com o seu público no Instagram, produzindo conteúdo específico para a plataforma, e o YouTube, principal plataforma de vídeos da atualidade, te permitirá compartilhar conteúdo mais denso e aproveitar da força dos mecanismos de busca, como o Google e o próprio buscador do YouTube, para alavancar o seu alcance.

Ah, e não se esqueça que essas informações são, e precisam ser, generalistas, e não substituem um bom planejamento de conteúdo específico para a sua marca. Se precisar de ajuda, é só clicar aqui e enviar um e-mail pra gente. 😉